sexta-feira, 28 de abril de 2017

O ENCONTRO - Página 5

Página 5

Apesar de todo aquele burburinho de pessoas conversando e de ambulantes me empurrando com aquelas trouxas enormes, minha cabeça estava concentrada em tentar vê-la. Devido ao trem ter ficado muito tempo parado,muitas pessoas se acumularam nas plataformas, que por estarem atrasadas, entravam de modo truculento, como se os que já estavam dentro do trem fossem culpados pelo atraso.
Tudo isso me colocava ainda mais longe dela, aumentando minha angústia, ao pensar que poderia perdê-la. Foi quando em meio a tanta gente, ouvi uma voz que fez com que meu corpo todo tremesse como se estivesse com muito frio.
Tchau. . .

Tchau?  Como tchau?  Quem foi que disse?  Onde ela estava?  Será que foi ela?  Foram tantas perguntas que meu cérebro, conscientemente, não conseguia responder.  Nas pontas dos pés, tentava olhar o lugar para ver se ela ainda estava ali.
A composição, enfim, parou. Então aproveitei a oportunidade que muitos desceram, caminhei de volta para o lugar onde ela estava e como um golpe desferido com toda potência, constatei que aquele tchau, era dela.
Quase surtei. E agora? Precisava manter a minha compostura.  Mas como?  Por um instante, revi todos os amores que minha jovem vida tivera e constatei que nós homens, somos muito carentes.  E se não fosse carência?  E se for amor?  E se ela fosse resposta a minha oração?  Mas se era resposta, por que ela foi embora assim? Por quê?  Como vou vê-la de novo?  Não peguei o contato, nem deixei o meu com ela? E agora?
Segundos eternizantes me paralisaram a ponto da senhora a quem dei lugar me perguntasse:
Tudo bem meu filho?
A olhei tentando responder, mas minha lucidez havia me abandonado quando ela disse, tchau. E a senhora mais uma vez perguntou:
Meu filho, você está bem?
D’us sabendo que iria dar um vexame digno do melhor clichê televisivo, fez com que vagasse o lugar ao lado da senhora.  Sentei-me e ela novamente me perguntou:
Meu filho, você está bem?  Está sentindo alguma coisa?
Então, voltei a minha lucidez e respondi:
A senhora viu onde saltou a menina que estava ao seu lado saltou?
Calma meu filho.  Respira.  Você vai ter um ataque do coração.
Nada que ela falava me fazia sentido, parecia que minha mente estava condicionada a uma única informação, onde ela estava?  Como achá-la novamente.
A senhora percebendo que eu estava num estado de choque, pegou no meu braço, quase que me obrigando a olhá-la:
Meu filho, acalme-se.  Ela teve que saltar porque se esqueceu de algo muito importante. Ela me perguntou onde saltaria e se poderia fazer um favor.  Disse que saltaria na estação final e que sim, poderia lhe fazer um favor.  Era uma menina muito educada e que não vemos por aqui nesses dias...
Enquanto ela falava minha vontade era de dizer igual o Quico: “cale-se, cale-se”. Mas tinha que aguardar toda a fala que a senhora tivesse.  Até que lembrei que ela havia pedido um favor a senhora. E o que seria esse favor?  Será que era para mim?
Enquanto pensava, a senhora ainda falava:
Sabe que, hoje em dia, jovens educados são raros... eu tenho um neto, muito bonzinho, mas tem dias que ele é terrível... só pode ser aqueles amigos que ele tem... já falei para a mãe dele.
Apesar da impaciência, alimentada por minha curiosidade, consegui interromper a fala da senhora:
É verdade, mas ela disse que lhe pediu um favor?
Ah sim, ela me pediu... que menina doce...

Desculpe perguntar, mas qual foi o favor? ­­­­



Escreva que eu leio e respondo. . . mas ñ xingue




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