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Apesar de todo aquele burburinho de pessoas
conversando e de ambulantes me empurrando com aquelas trouxas enormes, minha
cabeça estava concentrada em tentar vê-la. Devido ao trem ter ficado muito
tempo parado,muitas pessoas se acumularam nas plataformas, que por estarem
atrasadas, entravam de modo truculento, como se os que já estavam dentro do trem
fossem culpados pelo atraso.
Tudo isso me colocava ainda mais longe dela,
aumentando minha angústia, ao pensar que poderia perdê-la. Foi quando em meio a
tanta gente, ouvi uma voz que fez com que meu corpo todo tremesse como se
estivesse com muito frio.
–
Tchau. . .
Tchau? Como
tchau? Quem foi que disse? Onde ela estava? Será que foi ela? Foram tantas perguntas que meu cérebro, conscientemente,
não conseguia responder. Nas pontas dos
pés, tentava olhar o lugar para ver se ela ainda estava ali.
A composição, enfim, parou. Então aproveitei a
oportunidade que muitos desceram, caminhei de volta para o lugar onde ela
estava e como um golpe desferido com toda potência, constatei que aquele tchau,
era dela.
Quase surtei. E agora? Precisava manter a minha
compostura. Mas como? Por um instante, revi todos os amores que
minha jovem vida tivera e constatei que nós homens, somos muito carentes. E se não fosse carência? E se for amor? E se ela fosse resposta a minha oração? Mas se era resposta, por que ela foi embora
assim? Por quê? Como vou vê-la de
novo? Não peguei o contato, nem deixei o
meu com ela? E agora?
Segundos eternizantes me paralisaram a ponto da
senhora a quem dei lugar me perguntasse:
–Tudo
bem meu filho?
A olhei tentando responder, mas minha lucidez havia
me abandonado quando ela disse, tchau. E a senhora mais uma vez perguntou:
–Meu
filho, você está bem?
D’us sabendo que iria dar um vexame digno do melhor
clichê televisivo, fez com que vagasse o lugar ao lado da senhora. Sentei-me e ela novamente me perguntou:
–Meu
filho, você está bem? Está sentindo
alguma coisa?
Então, voltei a minha lucidez e respondi:
–
A senhora viu onde saltou a menina que estava ao seu lado saltou?
–Calma
meu filho. Respira. Você vai ter um ataque do coração.
Nada que ela falava me fazia sentido, parecia que
minha mente estava condicionada a uma única informação, onde ela estava? Como achá-la novamente.
A senhora percebendo que eu estava num estado de
choque, pegou no meu braço, quase que me obrigando a olhá-la:
–Meu
filho, acalme-se. Ela teve que saltar
porque se esqueceu de algo muito importante. Ela me perguntou onde saltaria e
se poderia fazer um favor. Disse que
saltaria na estação final e que sim, poderia lhe fazer um favor. Era uma menina muito educada e que não vemos
por aqui nesses dias...
Enquanto ela falava minha vontade era de dizer igual
o Quico: “cale-se, cale-se”. Mas tinha que aguardar toda a fala que a senhora
tivesse. Até que lembrei que ela havia
pedido um favor a senhora. E o que seria esse favor? Será que era para mim?
Enquanto pensava, a senhora ainda falava:
–Sabe
que, hoje em dia, jovens educados são raros... eu tenho um neto, muito
bonzinho, mas tem dias que ele é terrível... só pode ser aqueles amigos que ele
tem... já falei para a mãe dele.
Apesar da impaciência, alimentada por minha
curiosidade, consegui interromper a fala da senhora:
–É
verdade, mas ela disse que lhe pediu um favor?
–Ah
sim, ela me pediu... que menina doce...
Escreva que eu leio e respondo. . . mas ñ xingue
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