Capítulo I
O ENCONTRO
Ela estava ali, sentada, mãos que se esfregavam asperamente, pés que não sabiam onde parar e cabeça baixa como alguém que tenta achar resposta no vazio. Eu, em frente a ela, esperando uma oportunidade do acaso, para perguntar se podeira ajudar. Até que . . . uma voz feminina, com pouca compreensão diz que a composição apresentou avaria e estava esperando conserto. Em meio a tantos burburinhos de reclamações asperizadas, empurrões a pessoas que não tinham nada a ver com o problema, percebi que o vagão estava quase vazio e o acento ao lado dela estava vago. Exitei em sentar ou não sentar.. . a final era uma oportunidade que tanto pedia a mais de três estações.
Assim como quem pede socorro, ela olhou para cima e dentro dos meus olhos disse tudo que minha mente poderia entender. Subitamente, sentei ao seu lado, e com a voz, entre o certo e duvidoso, perguntei:
- posso ajudar em alguma coisa?
Um longo silêncio tomou conta de uma conversa que nem mesmo havia começado. Meu coração pulsando acelerado, como me dizendo: pergunta de novo. Até que tomei coragem de perguntar e entre meu abrir da boca e saída das palavras, ela numa pequena parada de seus incontáveis acessos de nervosismo, mesmo com a cabeça baixa, diz:
- como? Será que você consegue?
Um repentino apagão em minha mente se deu, ao mesmo tempo em que me perguntava porque estava tão nervoso. E sem abrir mão do costume carioca de falar, toquei-lhe o ombro e disse:
- ao menos posso tentar.
Minha mente trabalhava respostas em uma velocidade computacional, mesmo não havendo mais perguntas a serem respondidas. Até que ela levanta a cabeça lentamente, e com os olhos marejados de aguá, que, como fisicamente impossível, não caiam dos olhos me diz:
- bom dia, sou Rita . . . e . . . e . . . preciso de muita ajuda. . . mas acho que só D'us poderá fazer.
Não sei de onde tirei tanta ousadia, disse:
- não sou D'us, mas sou filho dele, e tenho certeza que ele me ouve eu se pedir algo.
Foi então que algo inimaginável, ao menos naquele momento, se deu. Ela sorriu, recostou-se no banco, e deixou seus olhos perceberem todo entorno, onde pouquíssimas pessoas estavam ao nosso redor, davam a nós dois uma atmosfera necessário àquela conversa.
- que bom, então ele também me ouviu. Estava pedindo que ele me mandasse um anjo.
Sorri como nunca fizera antes e não deixei o silêncio atrapalhar a conversa.
- não sou louro de cabelos encaracolados, mas tenho todo tempo do mundo para te ouvir e juntos falarmos com D'us.
Ela indagou o porquê do trem estar vazio, para onde eu estava indo, se tinha tempo de ouvi-la e com uma frase animadora disse:
- bem, como disse, meu nome é Rita, sou de uma cidade muito interiorana do Rio de Janeiro, onde nem internet tínhamos direito.
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